quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Aprenda a lidar com as negativas

“Fred prestou concurso publico mas não passou. Algum tempo depois, conseguiu o emprego que hoje lhe faz um executivo bem sucedido. / Fred tentou namorar Ana mas ela não lhe deu bola. Foi ótimo porque anos depois Fred conheceu Alice, o amor da sua vida. / Fred não passou no vestibular para Direito. Foi então que entrou para a faculdade de Cinema e, hoje, é feliz. / Fred perdeu muitas coisas mas nunca se perdeu.”

Lidar com as recusas enfrentadas no dia-a-dia nem sempre é uma tarefa fácil. Isto porque existe um ingrediente importantíssimo que, se não for moderado, pode salgar demasiadamente a receita e torná-la ruim. Chamamos este ingrediente de EXPECTATIVAS.

Repare que para toda iniciativa há uma expectativa. Para tudo que se move, você espera algo. E é justamente a forma como se gerencia esta espera que vai determinar suas reações para as negativas; que vai determinar como você irá lidar com os ‘nãos’.

Se vai ao Banco, espera ser atendido rápido. Se vai ao mercado, espera encontrar aquilo que procura. Ao encontrar seu namorado, espera um abraço apertado de saudades. Espera um email daquele amigo que viajou para outro país. Espera-se que o bolo cresça. O aumento de salário é sempre muito esperado. Se planejou o piquenique no parque, o sol será muito bem vindo. Espera-se que o outro entenda que o seu silêncio é sinal de que você está chateado.

Entendamos que quanto maior a espera, maior é a expectativa. E quanto maior a expectativa, maior é a frustração quando ocorre a negativa.

Minha gente, ter expectativas sobre os outros é algo irreal! Sim, irreal. E isto porque controlar o outro é algo que não conseguimos fazer. Assim sendo, como podemos esperar algo sob o qual não conseguimos garantir o feito?

As expectativas são geradas por nossos desejos e ansiedades. É comum, em uma empresa, o líder esperar que sua equipe realize uma tarefa rapidamente justamente porque assim o líder faria. É comum a mãe esperar que o filho lhe abrace todos os dias e diga ‘eu te amo’ porque assim ela deseja. É comum a esposa esperar flores no dia dos namorados porque para ela este e um padrão de demonstração de afeto. É comum revoltar-se com aquele que não cede lugar no ônibus para um idoso porque assim você faria se estivesse lá.

Sempre que a espera no outro é baseada em nossos anseios, é possível que haja frustração a respeito dos resultados. Isto porque, desta forma, esperamos mediante nossos desejos e não sob a ótica do que o outro está determinado a fazer. E sob o que o outro está determinado a fazer não temos controle nenhum. Por isso, é normal o outro fazer coisas que não nos agrade. Quem decide é ele e não a gente.
E como ficar frustrado a respeito de algo que não temos controle? Sim, expectativas sobre os outros são irreais.

Quando pensamos a situação sobre este ‘olhar’, passamos a entender que temos de nos concentrar as expectativas em nós e não nos outros. Ter expectativas sobre nós é real e isso sim pode nos aproximar de nossos objetivos. E o mais importante é que passamos a sofrer menos nas negativas. Por que sofrer por algo que foi determinado pelo outro e que não se tem controle algum a respeito?

Recordo-me de um relato de uma de minhas coachees a respeito do assunto. Ela carregava uma frustração grande com o marido por ele nunca ter lhe dado flores. Questionei se ela já tinha falado isto para ele e ela respondeu que não porque era óbvio que ele deveria saber. Sugeri que ‘alinhasse as expectativas’ com ele e assim foi feito. Ele disse que não imaginava o quanto isso era importante para ela. Naquele ano, ela ganhou flores no aniversário.

O exemplo serve para refletirmos sobre o quanto o ‘óbvio’ nos frustra. Geramos grandes expectativas sobre o que, supostamente, é óbvio e, conseqüentemente, frustrações avassaladoras.

Seu chefe não é obrigado a saber que você tem interesse na área financeira. Seu filho precisa saber da sua ansiedade por um abraço, pois para ele pode não ter o mesmo significado. Sua empregada precisa ouvir de você que quer que limpe em cima do guarda-roupa porque, apesar de óbvio para você, podem não ser uma prática comum para ela.

Tratando-se de expectativas, o óbvio deve ser sempre dito. Chamamos isso de alinhamento de expectativas. Uma ferramenta simples, mas que evita ou diminui as negativas inesperadas.

De qualquer forma, tudo isso pode ser feito e, ainda assim, receber recusas indesejadas. É possível você dizer que gostar de ganhar flores e nunca ganhar. Também pode acontecer de você se dedicar ao máximo para uma atividade, abrir seu coração sobre seus objetivos e o outro não mover uma palha sequer a respeito. Caso isso ocorra, ao passo de lamentar porque o outro não te satisfez, invista tempo em pensar em como você pode criar situações que favoreçam seus desejos e anseios. Isto sim é um pensar inteligente. Por que sobre você há controle. Sobre você, é possível determinar os resultados.

Ao deparar-se com situações de recusa, questione-se: “Neste contexto, qual a parte que eu tenho controle?”. É uma excelente forma de LIMITAR o problema, concentrando-se em pensar em propor soluções para a sua parte, para aquilo que consegue controlar.

Lidar com as negativas é um exercício de baixar as expectativas nos outros e aumentar os esforços na parte que lhe cabe.

Perder nas situações é comum e gerenciável. Cuide, apenas, para não se perder nelas.

Abraços e até mais.

Kelly Cavalcanti Gallinari
Coach e Educadora Corporativa

3 comentários:

  1. Muito bom! Parabéns! Anissis M. Ramos

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  2. Muito boa esta reflexão! Arriscariam dizer que é melhor manter as expectativas baixas em relação as situações e as pessoas para evitar frustrações?

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