quinta-feira, 24 de julho de 2014

Como delegar e obter o resultado esperado


“Maria fez aquela bagunça na sala. / Ana Maria, mãe de Maria, pediu para arrumar. / Maria não gostou da idéia. Disse que não e que era muita bagunça. / Ana teve de conter o impulso de arrumar tudo aquilo sozinha já que Maria parecia irredutível. / Mãe de Maria, Ana Maria, teve uma idéia. Disse que os brinquedos queriam voltar para casa e que Maria precisava ajudá-los. Precisava colocar todos na caixa, a casa dos brinquedos. / Maria adorou a idéia e arrumou toda bagunça. / Bom para Ana. Bom para Maria.”



Delegar atividades, apesar de corriqueiro na vida de um líder, nem sempre é uma tarefa fácil. Muitos comentem o erro de mandar ao invés de convencer. De ordenar ao invés de envolver o liderado na tarefa em questão.
Mandar e ordenar até que não é difícil. O complicado é chegar no resultado esperado. Isto porque, na maioria das vezes, o líder depende da execução de um colaborador. Depende do outro para que o objetivo seja alcançado. É justamente neste ponto que boa parte da liderança fraqueja e passa a acreditar que é mais fácil fazer para garantir o resultado, do que investir tempo em envolver a equipe para que esta garanta a execução e, por fim, a conclusão eficiente da tarefa.
Nesta situação, fazer a atividade no lugar no liderado pode até resolver um problema pontual e concluir a atividade em questão, mas as conseqüências de médio/longo prazo são desastrosas. É muito provável que, nestas condições, esteja sendo criado um líder-técnico que pouco vai ter tempo de fazer sua função por ter de executar tudo e uma equipe ignorante de conhecimento por não ter um líder que a envolva e ensine o necessário para que aprenda e desenvolva suas atividades com mestria.
Se Ana Maria tivesse guardado os brinquedos, provavelmente, Maria passaria a se sentir descompromissada com aquela tarefa. Na próxima vez, iria bagunçar tudo de novo sem acreditar que arrumar também seria sua atividade. A mãe, neste caso, conseguiu envolver a filha na arrumação dando um motivo forte para isso: a ida dos brinquedos para casa. Arrumar os brinquedos parecia chato para Maria mas levar os brinquedos para casa passou a ser algo importante.
A mãe, talvez sem saber, conseguiu exercer uma das funções mais importantes de um líder: relacionar a tarefa com os valores de quem vai executá-la. Ela conhecia bem sua filha. Conseguiu engajar o colaborador. Conseguiu dar a importância devida para a atividade a ser realizada.
Entender as necessidades, expectativas e influência dos stakeholders (pessoas interessadas e envolvidas no negócio/atividade em questão) é fundamental para que consiga conduzir e interagir seus recursos para que as atividades sejam conduzidas de forma a conquistar as metas de sua área.
Ana Maria sabia que a filha era fundamental para resolver aquela questão e soube conduzir com mestria.
Acompanhem comigo alguns pontos importantes na delegação de tarefas:
1 – Influenciar: é muito melhor ter liderados exercendo atividades por estarem engajados nela do que, simplesmente, porque alguém mandou fazer. No entanto, para isso, é necessário influenciar ao invés de ordenar. Influenciar é ajudar o outro a se conectar na tarefa. A encontrar o motivo da execução, a importância desta no processo e impacto dos resultados tanto para a empresa quanto para o colaborador. Isso mesmo, minha gente. O liderado precisa encontrar a importância desta atividade para ele também. Fazer só pelo bem da empresa nem sempre vai motivá-lo e fazê-lo compromissado com o feito.
2 – Acompanhar: depois de conectar seu colaborador, é preciso apoiá-lo. Ele precisa entender que se tiver dificuldades, poderá contar com o líder. É comum o liderado desatento esquecer de onde vem e para onde vai a atividade que ele executa. O bom líder está ao lado para lembrá-lo e para levantá-lo caso ele tenda a esmorecer.
3 – Estrutura: é preciso dar condições para que sua equipe exerça suas funções. Ana Maria não só pediu para a filha guardar a bagunça mas ofertou também deixou à disposição a caixa de brinquedos. Se tivesse apenas ordenado a arrumação, talvez a filha ficasse confusa em onde colocar todos os brinquedos. Ao definir as atividades de um colaborador, é preciso também saber se ele tem recursos suficientes para executá-las. Se ele trabalha fazendo ligações, precisa de um telefone e um PABX que comporte. Se é um trabalho administrativo, prestar atenção na ergonomia. Se é um trabalho de risco, nos itens de segurança.
4 – Comemorar: depois da atividade pronta, comemore e recompense. É uma boa forma de validar os bons hábitos e tornar agradável aquela execução.
Delegar, meu povo, não é só apontar o que deve ser feito. Delegar é garantir que o outro vá executar com eficiência e que o resultado será atingido. A diferença é grande e o empenho redobrado.
Abraços e até mais!
Kelly Cavalcanti Gallinari

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